O sistema imunológico representa a principal barreira do
hospedeiro contra as infecções, e tem a capacidade de realizar uma resposta
rápida e efetiva contra os patógenos invasores. Além disso, pode elaborar um
outro tipo de resposta igualmente eficaz, porém mais lenta e duradoura. Estes
dois tipos de respostas são efetuadas pelos sistemas imune inato e adaptativo,
respectivamente. Ambos os sistemas (inato e adaptativo) dependem da atividade
das células brancas, ou leucócitos. A imunidade inata é mediada principalmente
pelos macrófagos e granulócitos, enquanto a imunidade adaptativa é mediada
pelos linfócitos, como ilustrado na Figura 2.1. As células do sistema imune
inato estão imediatamente disponíveis para o combate contra uma ampla variedade
de patógenos, sem exigir prévia exposição aos mesmos, e atuam do mesmo
modo em todos os indivíduos normais. Os macrófagos e neutrófilos possuem a
capacidade de ingerir e digerir vários microrganismos e partículas antigênicas.
O macrófago também possui a habilidade de apresentar antígenos a outras
células, sendo portanto denominado de célula apresentadora de antígeno (APC –
antigen presenting cells). Os granulócitos, ou leucócitos polimorfonucleares,
constituem um grupo de células com núcleos multilobulados contendo grânulos
citoplasmáticos preenchidos com elementos químicos (enzimas), como ilustrado na
Figura 2.2. Os neutrófilos são os elementos celulares mais numerosos e
importantes da resposta imune inata, e também têm a capacidade de ingerir
patógenos. Os eosinófilos são importantes principalmente na defesa contra
infecções por parasitas, e a função dos basófilos ainda não é bem conhecida
(Janeway et al., 2000). Uma resposta imune específica, como a produção de
anticorpos a um determinado agente infeccioso, é conhecida como uma resposta
imune adaptativa. Os anticorpos são produzidos pelos linfócitos B (ou células
B) em resposta a infecções, e sua presença em um indivíduo reflete as infecções
às quais o mesmo já foi exposto. Os linfócitos são capazes de desenvolver uma
memória imunológica, ou seja, reconhecer o mesmo estímulo antigênico caso ele
entre novamente em contato com o organismo, evitando assim o restabelecimento
da doença (Sprent, 1994; Ahmed & Sprent, 1999). Assim, a resposta imune
adaptativa aperfeiçoa-se a cada encontro com um antígeno.
Os linfócitos que medeiam uma
resposta imune adaptativa são responsáveis por reconhecer e eliminar os agentes
patogênicos, proporcionando a imunidade duradoura, a qual pode ocorrer após a
exposição a uma doença ou vacinação. A grande maioria dos linfócitos
encontra-se em estado inativo, e possuirão atividade quando houver algum tipo
de interação com um estímulo antigênico, necessário para a ativação e
proliferação linfocitária. Existem dois tipos principais de linfócitos:
linfócitos B (ou células B) e linfócitos T (ou células T), como ilustrado na
Figura 2.1. As células B e T expressam, em suas superfícies, receptores de
antígeno altamente específicos para um dado determinante antigênico. Enquanto a
resposta imune adaptativa resulta na imunidade contra a reinfecção ao mesmo
agente infectante, a resposta imune inata permanece constante ao longo da vida
de um indivíduo, independente da exposição ao antígeno (Scroferneker &
Pohlmann, 1998). Esta é uma importante diferença entre a resposta adaptativa e
a resposta inata. Em conjunto, os sistemas inato e adaptativo contribuem para uma
defesa notavelmente eficaz, garantindo que, embora passemos nossas vidas
cercados por germes potencialmente patogênicos, apresentemos resistência às
enfermidades.
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